الاثنين، 13 مايو 2013

Twitter, livros e música: o lado 'cult' da deep web


Navegar pela internet tinha um sentido único para mim até algumas semanas atrás. Uma busca no Google, a fuçada no Facebook, o dia a dia no Olhar Digital, uma passeada por outros sites... os hábitos não diferem muito dos seus. Mas uma tal "deep web" desembarcou na redação como sugestão de pauta e, desde então, o velejar de antes virou uma prática submersa, um mergulho longe da rede convencional.

Resolvemos fazer uma série para desvendar este mundo ao qual só se tem acesso com navegadores específicos. Na matéria inaugural, publicada ontem (leia aqui), o repórter Leonardo Pereira explica o que é esta camada paralela, o que acontece por lá e como chegar até ela. Coube a mim apurar a parte boa e construtiva do conteúdo que circula ali, às vezes deixado de lado por quem trata do tema.


Não é fácil e nem rápido achar conteúdos interessantes ali (as páginas demoram para serem carregadas devido ao longo caminho que percorrem até chegarem a sua máquina). Mas, com a ajuda do Torch, um dos buscadores da oculta web, ou da Hidden Wiki, diretório da web, basta digitar palavras de seu interesse para encontrar conteúdos que vão além de bizarrices, como mutilações e pedofilia. Claro que é preciso cuidado com as palavras e atenção para ler os links listados nos resultados de buscas.

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No passeio pela DW encontrei uma biblioteca com livros raros, serviços de mensagens instantâneas, cerca de 50 GB de livros sobre religião, psicologia e outros assuntos curiosos, além de acervos de músicas e filmes - dos quais não sabemos a procedência. Há ainda uma espécie de Yahoo! Respostas, onde pessoas anônimas perguntam e respondem sobre os mais diversos temas, e o Tor Status, uma versão privada do Twitter.

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Existem muitos fóruns com discussões que vão de política internacional a técnicas de programação, porém, todos precisam de cadastro, que pode ser feito por meio do Tor Mail. Este é um serviço criado e totalmente mantido dentro da Onion (nome dado à rede), e possui encriptação refinada e segurança máxima. Com este endereço de e-mail que os usuários da DW se identificam em fóruns ou semelhantes. Assim como na web tradicional, a inscrição é gratuita.

Privacidade

O especialista em segurança digital Jaime Orts Y Lugo afirma que a teia surgiu de uma necessidade de se obter mais privacidade, já que na web normal, tudo o que fazemos pode ser facilmente rastreado. Muita gente acaba usando a DW simplesmente por não estar de acordo com as regras impostas por gigantes como o Google. 

Com a alta privacidade, a DW atraiu grupos famosos. O Wikileaks e o Anonymous, por exemplo, refugiaram documentos sigilosos ali. E alguns revolucionários, que participaram da Primavera Árabe, usaram a rede paralela para facilitar a articulação dos rebeldes e complicar o trabalho da inteligência policial. Jornalistas, militares e políticos também se comunicam pela teia misteriosa e acobertam suas ações na rede - o que a torna um local muito mais rico em informações do que se imagina e é comentado.

Obviamente, o ambiente reservado também chamou atenção de criminosos, que gostaram da ideia de não serem rastreados, mas, assim como na web tradicional, na DW nos deparamos com coisas ruins e boas. Basta ter discernimento e cautela para acessá-la.

"O pessoal prefere apontar apenas as coisas ruins, como contrabandos, drogas, pedofilia, armas, mas estes conteúdos existem para quem procura. Eu entro lá e busco coisas diferentes", defende o especialista. "Não dá para navegar como na surface [web tradicional], clicando em tudo e baixando qualquer arquivo, é preciso cuidado. Mas, as pessoas não devem deixar que o medo as privem de obter privacidade e ter acesso a coisas novas", completa.
Outro especialista da área, Rafael Maia (nome fictício), conta que aprendeu a programar na parte de baixo da rede. Ele afirma ter tido contato com todo o tipo de técnicas. Coube a ele escolher o que faria com aquelas informações nas mãos. Maia optou por ajudar empresas a se protegerem de ataques e fraudes, que ele conheceu nas camadas mais profundas da web.

A máxima da rede Onion, como é conhecida a rede, é tão atrativa que até mesmo os menos simpatizantes já caíram na graça do conceito. O especialista afirmou que não costuma acessar sites disponíveis, mas usa o navegador Tor, especialmente desenvolvido para velejar no lado profundo da web, em páginas tradicionais. Os browsers da DW usam uma rede anônima de computadores que fazem pontes criptografadas até o site desejado. Assim, nenhuma informação do internauta é armazenada, como acontece com os navegadores tradicionais.

"Não gosto da deep web, mas acho o conceito do Tor incrível. Decidi usá-lo para acessar bancos e redes sociais, pois não quero que minhas ações sejam vigiadas", conclui.

Há ainda aqueles que fazem da DW um local para armazenar informações que não precisam gerar tráfego. O filho de Lugo hospedou uma pesquisa sobre toxinas nos níveis profundos da web enquanto não finaliza a apuração. Somente depois que o artigo estiver pronto, será indexado na web tradicional, podendo ser encontrado nos buscadores.
A deep web possui duas faces, a boa e a casca grossa. Saber se vale a pena se aventurar por estas águas é uma decisão individual. Na sequência desta série especial, você confere a próxima reportagem que trará a parte alarmante da deep web. Não deixe de ler e opinar sobre o assunto.

Clique aqui para ler a primeira reportagem da série sobre a Deep Web

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